quarta-feira, 8 de julho de 2009

Cusquices*

O acto de “cuscar” consiste, como todos sabem, daquele repenicar na vida alheia...


A “cusquice” pode ser inocente, ou seja, falar por falar, mas também pode ser causadora de tsunamis à escala transcontinental. Tradição bastante arreigada nas aldeias, “cuscar” é um habito da vida campestre (não que ele não exista nas cidades) com o qual os estrangeiros se deleitam quando visitam o nosso cantinho de areia à beira mar plantado. O “cuscar” português está para os estrangeiros de visita como o queijo da serra ou o Zéze Camarinha. Aquilo que os estrangeiros não sabem (grande parte) é que Portugal não é feito de areia, que o queijo da serra (para mim, e acredito que para muita gente de nariz apurado/requintado) mete muito nojo e que o Zéze Camarinha não é (e ainda bem) uma subespécie do povo português. Não sabem também que à duas coisa as quais um português inteligente não suporta: os seus governantes e as belas das cusquisses. Ambas, a burrice generalizada do povo Português fazem questão de manter. Por um lado vota sempre nos mesmos, e por outro contínua a “cuscar”. Eu, já à algum tempo (cerca de um ano) que tinha tomado partido (literalmente) quanto ao primeiro problema – milito num partido da oposição. Quanto ao segundo limitava-me a não “cuscar” e a não alimentar a corrente. Já tinha lido alguns “desabafos” em locais como o hi5, em que os autores contavam as suas experiencias como vítimas deste cancro nacional que são as "cusquices". Eu vivo desde sempre numa aldeia e, não tendo conhecimento da opinião das pessoas quanto à minha pessoa, vivia à margem do fenómeno. Recentemente a minha mãe mudou de patrão, passando a “trabalhar” para as apresentações periódicas no Centro de Emprego. Com mais tempo livre passou a frequentar locais que anteriormente não tinha disponibilidade para frequentar, nomeadamente a igreja. O resultados foi que passei a andar mais informado daquilo que “cuscam” sobre mim. E, as opiniões não são as melhores. Eu, admito que não tenho, e ainda bem, uma mentalidade de aldeia. Nem uma mentalidade nem um estilo (falo em estilo de vestir, falar). A minha vida é escola – casa/casa – escola, sem paragens nos centros de cusquisse ou conversas com as cuscas. Esta minha atitude de snobismo (admito) e indiferença fez estragos dilacerantes na minha imagem pública, aqui neste buraco provinciano onde vivo. Como elas/eles (os cuscos) são uma cambada de provincianos que vivem com a ideia que Lisboa é o estrangeiro em Portugal e que a evolução é um tentáculo do demónio que sufocará tudo e todos, ver-me com madeixas flamejantes no cabelo, ou um estilo, que considero como original e meu, que tem influencias “emo” e cosmopolita, é motivo para falar até fazer a língua em carne viva. A minha suposta, e muito falada homossexualidade é motivo de escândalo para as beatas ratas de sacristia e de "ladratório" para a restante matilha. Atenção, o meu estilo é moderado! Não ando com os olhos ou unhas pintadas e o que chama mais à atenção é o meu cabelo (áh e tenho um brinco). Eu acredito que o que mais lhes custa é o facto de eu não ser como eles! Eu tenho orgulho em não ser provinciano e de conseguir ter uma conversa inteira na qual eles não percebem cerca de 90% das palavras que digo (não sou poliglota, falo é português correctamente, ao contrario deles) (não se trata de presunção!). Ou seja, tenho orgulho de não ser como eles. Podem falar de mim, cuscar sobre mim. O único sentimento que nutro por vocês é pena por não terem vida e tentarem viver a vida dos outros. Olhem bem para aquilo que tem em casa antes de falar de mim. Olhem para o alcoolismo dos vossos filhos/maridos! Olhem bem para a droga que vos passa em casa.

OLHEM!






Berlim*